quinta-feira, 26 de abril de 2007

Por que diabos eu escrevo?


Sinceramente eu não sei por que escrevo! Não ganho grana com isso, não ganho status, tenho uma dislexia infeliz que me faz cometer as piores gafes com a língua portuguesa, minhas amigas juram que são minhas mais ávidas leitoras e eu finjo que acredito pra não perder a amizade, elogios de “inteligente”, “sagaz” e outros floreios já não me servem há tempos, então eu pergunto meu Deus: POR QUÊ? O Arnaldo Jabor está mais que certo em escrever, afinal ganha bem pra fazer isso e ele merece, o Diogo Mainardi sabe que nunca vai derrubar o Lula, mas é muito bem recompensado pra desempenhar esse papel Quixotesco, ou você acha que fazer o “povo” pensar não é tão ou mais difícil que enfrentar um Moinho de Vento. Não adianta, hoje é o dia que quero chutar o pau-da-barraca e o nome dos dois foram os primeiros que me ocorreram, depois peço desculpas.

Afinal qual é a razão que faz uma pessoa “precisar” escrever? É doença, idiotice, a “paz mundial”, sabe lá, acho que é a ilusão de que vai ser ouvido ou a necessidade besta de pensar que deixou sua marca no mundo. Já passei dessa fase, entrei na dependência patológica das palavras, dependo da viagem que as letras me dão de graça, enquanto eu aqui me rasgo em pedaços da minha própria alma e fico me perguntando: Por que ninguém nota?

Agora você meu fictício leitor pode retrucar: “E quem te pediu? Quem te disse que iam te aplaudir?”. Pois é a mais pura verdade. Guardadas as devidas proporções (tenho consciência da minha insignificância) e o saldo bancário, creio que eu, o Jabor e até o Mainardi (já estou me achando íntima) sofremos do mesmo mal; a “dependência da palavra”.
Não basta assistir o mundo passar diante dos nossos olhos, precisamos gritar, bradar o que achamos desse mundo que passa e se vai sem nos dar a mínima atenção. Não basta sentir, é preciso esmiuçar, triturar, quebrar em pedacinhos esse sentimento e tentar dissecá-lo aos olhos de todos, mostrar que não podem fazer o que quiserem do mundo, porque tem gente observando e alertando quem não vê, se bem que essa é a parte mais difícil. Essa talvez seja a maior ilusão ou quem sabe o maior presente que um escritor pode sonhar: Abrir a cabeça das pessoas, mostrar que não precisa ser do jeito que disseram que era o certo, que você pode pensar por você mesmo! Às vezes até que funciona, geralmente é “murro em ponta de faca”. O que tem de criatura que não gosta de pensar; prefere que “mastigue” por elas, ficam com a sinopse da vida.
Acho que acabo de descobrir a razão que me leva a escrever e você também meu leitor imaginário, um dia “mastigamos” para os outros. -

Viva Roony que escreve crônicas maravilhosas, Fernanda Young por sua ironia, e Jabor por ser simplesmente, Jabor!
E minha doença de escrever, é a mesma doença que não deixava Sócrates em paz! (Embora Sócrates nunca tenha escrito bulufas nenhuma)
Ele apenas não deixava as pessoas se acomodarem ao pensamento de mesmisse, abrindo-lhes a mente; Não é de se espantar portanto que ele incomodasse tanto as pessoas.
Sócrates dizia que Atenas era como uma égua preguiçosa e ele um mosquito que lhe picava para mostrar-lhe que ela ainda estava viva! (E O que fazemos com os mosquitos?)
Sim, Sócrates morreu por expor sua genialidade, por contraposição, eu espero não perder a vida, ao dar tanta vida a minha vida... escrevendo!

Mito; o equilibrio entre o bem e o mal


Já diziam os velhos gregos; Doar-te sangue e receber-te água.


Juurj – Filipinas (1998)

Chovia muito naquela manhã em Juurj, pequena cidade ao sul de Filipinas. Era Outono e Diana voltava da escola com sua amiga Olga.
As árvores tremulam por conseqüência do vento e faziam cair folhas; de nada adiantava proteger seus cabelos feitos no bob pela manhã antes da escola... a chuva já os fez lisos novamente. (Sim, Diana odiava seus cabelos lisos escorridos e sem forma)As duas meninas brincavam naquelas poças de água, correndo em direção à suas casas.O avô de Olga a esperava no meio do caminho em uma bicicleta, pois sabia que com aquela chuva, algo poderia acontecer a sua neta e preferiu ir buscá-la.
- Tchau Diana - disse Olga; e seguiu com seu avô até seu vilarejo no meio de todas aquelas copas de árvores.
Diana começou a andar lentamente, um passo de cada vez, e observava os animais se recolhendo dentre a mata.E perguntou-se: De onde vem tudo isso?Uma pergunta estúpida, logo pensou. Vem de onde veio, ué!
E seguiu seu caminho...
Em casa, após vestir uma camisola que lhe cobria todo o corpo ( estava bastante frio naquela manhã), Diana deitou-se em sua cama, e em um sono pesado adormeceu.
(Grécia - 598 a.C)

Abnara preparava algumas jarras de vinho e dentro de um pano, trigo, peixe recém pescado; Seu marido Alexis trazia o gado.
Era fim de tarde em Mermej, vilarejo proximo a Atenas. A comunidade de pescadores estava preocupada, pois fazia 3 meses que não chovia e o seu açude principal estava secando.
Acreditava-se que oferecendo comida e vinho aos Deuses, eles ficariam alegres e fariam a vontade de seus servos. Muitas vezes quando os mesmos estavam enfurecidos, aconteciam os sacrifícios de animais e sim, muitas vezes de pessoas.
Eles se reuniram em frente ao açude principal e sacrificaram 14 cabeças de gado e jogaram às águas peixe, vinho e trigo para o Deus Tabai.
Diana encontrava-se observando atentamente todo aquele ritual, como estivesse entendendo tudo o que se passava, quando ouviu um nome aos gritos.
- Áaaaagda! Áaagda! - Chamava seu pai, Alexis.

Diana sabia que ela era essa tal de Ágda e atendeu ao chamado do pai, saindo ao seu encontro.- Estava ali na margem observando tudo, desculpe por meu descuido de não avisar-te - disse ela.
- Tudo bem, agora voltaremos para casa e esperaremos ao nascer do sol, há de vim chuva! - disse ele, com um semblante de certeza.

Na manhã seguinte ouviam-se trovões, era a chegada do Outono, ou melhor, os Deuses aviam atendido o pedido dos homens.
Ágda foi até sua mãe e percebeu que ela estava com sorriso no rosto.
- Este mês teremos abundância minha filha, o leito subiu e seu pai pescará milhares de peixes. - disse Abnara
- Certamente mamãe.


Diana acordou velozmente, com sua cabeça “pesada”, olhos inchados e olhou no relógio; só havia dormido meia hora. - Que sonho! - pensou ela.
E dirigiu-se até a cozinha para comer algo. Ficou com aquele sonho em sua cabeça, nada a chamava mais a atenção naquele momento, se não, entender o que aquilo significava.

Se Diana jamais tivesse aprendido na escola sobre as estações do ano e sobre o ar que se condensava para formar a chuva daquele dia. O que ela pensaria? De onde viria toda aquela chuva? Quem a mandou?Então pensou em fazer seu própio mito, os seus Deuses e sua realidade.
Assim é a história dos mitos, criada para suprir a vaidade dos homens, pois os mesmos precisam acreditar em algo que lhe dê respostas para os acontecimentos do seu dia-a-dia. E assim se criou (e criará) todas as religiões...